Uma profissional relatou que, ao alterar o gênero no seu perfil do LinkedIn, suas visualizações de página aumentaram em 400%. O caso, descrito no artigo da Evil HR Lady, levanta uma questão incômoda para o mercado de trabalho: até que ponto gênero – ou a percepção que recrutadores têm sobre ele – influencia quem é visto, contatado e, potencialmente, contratado? Embora seja difícil provar causalidade com um único exemplo, o impacto numérico chama atenção e serve como alerta para profissionais de RH e líderes de recrutamento.
É fundamental considerar que outros fatores também podem explicar o aumento nas views: mudanças no algoritmo do LinkedIn, maior atividade da pessoa na plataforma, melhorias no próprio perfil, uso de palavras-chave mais estratégicas ou até participação recente em grupos e publicações virais. Ainda assim, o fato de a alteração de gênero coincidir com esse salto gera um debate necessário sobre vieses inconscientes. Se um simples ajuste em um campo de perfil muda drasticamente a visibilidade, isso indica que alguns filtros – humanos ou algorítmicos – podem estar privilegiando determinados perfis em detrimento de outros.
Para as empresas brasileiras que desejam ampliar sua marca empregadora e atrair talentos diversos, o recado é claro: confiar apenas em impressões superficiais e em mecanismos automáticos pode reforçar desigualdades, afastar candidatos qualificados e limitar a inovação. É hora de rever critérios de triagem, parâmetros em sistemas de recrutamento e a forma como se avaliam currículos e perfis on-line. Treinamentos de viés inconsciente, revisões estruturadas de job descriptions e análises regulares das etapas do funil de recrutamento podem revelar onde a discriminação, ainda que não intencional, está atuando.
Do ponto de vista estratégico, RH e recrutadores devem usar esse tipo de caso como gatilho para medir, com dados, quem realmente está sendo alcançado pelos anúncios e processos seletivos. Monitorar métricas por gênero, idade, raça e outros recortes – sempre de forma ética e em conformidade com a LGPD – ajuda a identificar distorções e corrigir rotas. Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, as organizações que conseguirem reduzir vieses e ampliar de forma genuína a diversidade terão não apenas mais candidatos visualizando suas vagas, mas também maior engajamento, inovação e resultados de negócio sustentáveis.
Artigo Original: She Switched Her Gender on LinkedIn and Page Views Grew by 400%. There Could Be Other Reasons, Too

